quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A Diva Brasileira que Madonna gostaria de ser

A Diva Brasileira que Madonna gostaria de ser

O poder natural de Daniela Mercury: Versão traduzida para o português.

Camille Paglia

O que aconteceu com Madonna? Eu tive uma série de revelações desde a minha viagem ao Brasil em maio, as quais escrevi em minha coluna de junho. Eu descrevi o momento no qual, depois de minha conferência sobre arte no Teatro Castro Alves em Salvador da Bahia, cinco DVDs de Daniela Mercury, uma superstar carismática que já foi chamada de "Madonna do Brasil", chegaram amarrados com uma fita vermelha. Foi literalmente eletrizante: eu me senti como se tivesse sido atingida por um raio, causando uma misteriosa reorganização das minhas células cerebrais. Meu tédio e desilusão com a cultura popular, que se intensificaram nos últimos 15 anos, pareciam ter desaparecido. Desde então, eu tenho explorado entusiasmadamente a história do Brasil e a carreira de Mercury através das maravilhas da web – esse instrumento revolucionário de intercâmbio cultural.

A carreira artística (na literatura, artes visuais e performance) tem sido um dos meus assuntos principais de pesquisa acadêmica desde a faculdade e na pós-graduação. É um dos temas principais do meu primeiro livro Personas Sexuais, que investiga a dinâmica ocasionalmente punitiva da criação artística. Por que alguns artistas têm uma rápida explosão e se apagam, enquanto outros crescem, amadurecem, mudam de estilo e continuam a inovar com o tempo? Como as mulheres artistas em particular lidam com o envelhecimento? Catherine Deneuve, por exemplo, como Marlene Dietrich, antes dela, ganhou em majestade interpretando de acordo com sua idade e não tentando imitar desmioladas de 20 anos.

Pensando em Daniela Mercury, eu me dei conta de repente de que Madonna é uma pessoa deslocada, uma refugiada. Ela perdeu suas raízes – Motown, a cidade de Detroit (chamada de Motor City por causa de sua indústria automobilística), em cujo subúrbio ela cresceu. Detroit tinha sido uma capital importante para a música negra em sua juventude, mas sua vitalidade declinou, parcialmente por causa da recessão econômica que devastou tantas cidades industriais do Centro-Oeste americano. Madonna seria um instrumento para dar legitimidade artística para a música disco, antes um estilo underground de boates gays e negras. Como dançarina, ela mirou nos ritmos propulsivos, percussivos africanos presentes no coração da música disco.

Em segundo lugar, a cultura imigrante ítalo-americana da qual Madonna surgiu se desintegrou com o passar do tempo. Eu também sou um produto disso e fico muito sentida de que, em virtude da assimilação social, muito pouco reste (exceto as difamações vulgares de "A família Soprano"). O combate de Madonna contra as repressões do catolicismo italiano (com seu complexo de Madonna-puta) produziu seu trabalho inicial, o melhor. Mas o catolicismo italiano sempre teve um forte resíduo pagão em seu culto aos santos e também em seu imaginário vagamente erótico sadomasoquista. O catolicismo italiano era sincrético, cerimonial e fortemente imagético – uma inspiração ideal para um artista. Em terceiro lugar, ao deixar sua casa para procurar fama e fortuna em Nova Iorque, Madonna separou-se de sua grande família – a qual ela está tentando recriar atualmente, através de uma triste adoção de alto padrão em série.
Ao longo do tempo, voando para lá e para cá, entre Los Angeles e Nova Iorque e depois mudando-se para Londres, Madonna se tornou uma entidade flutuante. Ela tentou substituir o que considerava o puritanismo moralístico do catolicismo italiano pela Cabala – mas esse ramo introspectivo do judaísmo místico não é uma combinação ideal para uma dançarina pagã do calibre de Madonna. A Cabala, que ela exaustivamente transformou em moralismo enfadonho, tem sido desastrosa para a vida criativa de Madonna.

Apesar do seu interesse por homens latinos, tem havido pouca influência da música latina no trabalho de Madonna (exceto pela bela "La Isla Bonita"). Então, quando ela se casou com Ritchie, Madonna ficou obcecada pela alta sociedade britânica, na qual a expressividade emocional é programaticamente desencorajada. Ela começou a macaquear um sotaque britânico (uma afetação sempre ironizada no Reino Unido) e, por um tempo, aspirou à pequena nobreza do campo, caçadas, cavalgadas e tudo mais, até que ela caiu de um cavalo há três anos e, apesar dos planos anunciados de construir um luxuoso centro eqüestre para si, parece ter sabiamente arquivado a coisa toda. Madonna de fato deu novo gás à sua carreira no final dos anos 90 com a colaboração de uma série de homens especialistas na música eletrônica, mas será que a electronica (um artifício de estúdio) era realmente o caminho para uma dançarina e celebrante das glórias da carne?

Daniela Mercury, ao contrário, nunca deixou suas raízes. Embora viaje pelo mundo e seja sempre vista no Rio de Janeiro, ela ainda mora em sua cidade natal de Salvador, onde sua família vive, incluindo seus dois filhos que têm pouco mais de vinte anos (Gabriel Póvoas, músico, e Giovana Póvoas, dançarina) e também sua irmã, a cantora Vânia Abreu. A principal inspiração de Daniela é a própria cidade de Salvador, que, ao contrário de Detroit, ainda viceja como um centro de cultura negra. A Bahia é a região mais africanizada no Brasil. Estima-se que quase 80% dos seus habitantes tenham alguma linhagem africana.

Enquanto Madonna tem de fazer gestos extremos de compaixão em relação a Malawi (como em seu último filme), rodado em um continente com o qual ela não tem nenhum vínculo pessoal, Daniela Mercury está imersa na cultura negra desde a infância. Ela começou estudando dança afro, ao lado do balé, quando tinha 8 anos. Costumavam chamá-la de "a branquinha mais negra da Bahia". Em um país de sensíveis questões raciais e severas desigualdades econômicas, Daniela tanto no palco quanto fora dele tem denunciado fortemente o "racismo em todas as suas formas" e suas canções com freqüência celebram a beleza da pele negra.

O sincretismo religioso é muito complexo em Salvador, porto no qual milhões de africanos desembarcavam de navios negreiros para trabalhar em condições brutais nas plantações de açúcar e nas minas de ouro. Salvador, fundada pelos portugueses em 1549, foi a primeira capital do Brasil. A maior parte do que pensamos ser essencialmente brasileiro, incluindo o samba (uma dança africana), veio originalmente da Bahia, onde também havia índios nativos que se somaram à mistura racial. Quando os portugueses baniram os cultos africanos, os escravos simplesmente identificaram os santos católicos com seus próprios deuses, produzindo uma fusão belíssima que continua ainda hoje. Os cultos Yorubá sobreviveram no candomblé moderno, que também é praticado por muitos brasileiros brancos. Os rituais percussivos do candomblé enchem as ruas de Salvador, uma atmosfera sonora que é a voz característica da cidade.

Salvador, desde o início, era uma cidade altamente religiosa: há 365 igrejas no centro histórico, algumas delas construídas pelos escravos com seu próprio trabalho e dinheiro. A arquitetura e ornamentação dessas igrejas são sempre sincréticas estilisticamente – uma espantosa mistura eclética de motivos barrocos, clássicos e românticos. Daniela Mercury dramatizou o sincretismo religioso da Bahia em seu primeiro vídeo - "Santa Helena" -, no qual ela é vista rezando em uma igreja católica no antigo bairro do Pelourinho e também realizando rituais de candomblé – oferecendo comida e velas aos deuses e perguntando profecias a uma sacerdotisa, que está jogando ossos como dados.

O carnaval de massa de Salvador, que antecede a Quaresma, também é religioso em sua origem. O carnaval do Rio de Janeiro, conhecido mundialmente, se tornou um espetáculo teatral formalizado e regulamentado: os dançarinos em fantasias elaboradas são assistidos por espectadores em uma grande arena. Mas o carnaval de Salvador é uma performance de rua, que toma conta e transforma a cidade inteira. Caminhões de som gigantes (trios elétricos), espremidos por milhares de pessoas que pulam alegremente, movem-se vagarosamente pelas ruas. Cantando e dançando perigosamente em cima das super-estruturas dos caminhões, a três andares de altura, estão cantores e dançarinos profissionais como Daniela, que grita hilariamente para as varandas e camarotes lotados de espectadores ao longo do trajeto. Os caminhões parecem navios de cruzeiro que se movem em um mar de pessoas: um milhão ou mais enchem as longas avenidas até onde a vista alcança.

O carnaval de Salvador é uma procissão religiosa que se tornou incrivelmente high-tec. Pode levar sete horas (com os artistas em um excesso de trabalho incansável) para completar o trajeto através da cidade. Em 1996, Daniela, cujo bloco de carnaval é chamado de Crocodilo, iniciou um novo trajeto pela orla marítima (Salvador é dramaticamente cercada por 50 km de praia) – produzindo então tomadas espetaculares em seus DVDs nas quais ela aparece cantando completamente fantasiada, acima das palmeiras iluminadas pela lua com as ondas que quebram abaixo. "Como a praia é linda!", ela diz para a multidão em uma dessas noites balsâmicas.
A experiência da infância de Daniela no carnaval de Salvador permanece a base de sua estética. Sua energia e poder vêm da performance improvisacional ao ar livre e da identificação empática de todos os cantores e dançarinos baianos com a comunidade multirracial. Inspirada pela estrela brasileira Elis Regina, Daniela começou a cantar em bares de Salvador quando tinha 16 anos, mas seu primeiro senso artístico foi como dançarina. A surpreendente variedade e complexidade dos ritmos africanos e brasileiros continua a motivar seu trabalho, que toma cem diferentes formas em todos os gêneros do pop e do jazz. Em contraste, Madonna, depois das inovações do seu vídeo inicial como dançarina treinada na técnica de Martha Graham, não foi além do estilo elegante do "Cabaret" de Bob Fosse que ela adotou nos seus shows de palco no início dos anos 90.
Madonna e Daniela seguiram caminhos inversos nos últimos 15 anos. A decadência artística de Madonna começou em 1992 – um ano depois de Daniela ter se tornado uma figura nacional no Brasil. Mas Daniela cresceu incrivelmente em autoridade pessoal e domínio artístico no mesmo período. Ela começou com uma presença refrescante, feminina, quase como a imagem de uma corça. Mas ela se transformou em uma tigreza! Aqui está uma seleção representativa do trabalho de Daniela, traçando sua evolução criativa:

1. "Swing da Cor", um dos carros-chefe de Daniela Mercury (sobre o fim de um romance). Cantada em um concerto marcante de 1992 na colossal Praça da Apoteose (no Sambódromo, "templo do samba"). Observe o incrível tamanho da multidão e o delírio geral. Daniela tinha se tornado um símbolo de uma nova geração depois do fim da ditadura militar no Brasil sete anos antes. O simples "não" de Daniela com a explosão de atabaques pode ser um dos motifs mais instantaneamente identificáveis na música brasileira moderna.

2) "O canto da cidade", outro dos carros-chefe de Daniela, que ela escreveu e canta no mesmo show de 1992 no Rio. Desde então, esta música se tornou um hino para muitas cidades no Brasil.

3) "Beija flor" com a Timbalada em 1993. Daniela parece ser a única pessoa branca no palco com este grupo de incríveis percussionistas e performers de corpo pintado no estilo africano. O público vai ao delírio. Isso aconteceu no início do movimento axé do samba-reggae, com o qual Daniela se associou. Ele marcou uma quebra radical do estilo inicial de samba-jazz, mais suave, mais relaxado, que a maioria dos americanos conhece através da bossa nova. Daniela causou uma controvérsia inicial em virtude do uso pioneiro de instrumentos eletrônicos na música popular brasileira.

4) "O reggae e o mar". Neste vídeo ensolarado de 1994, você pode realmente ouvir o reggae na música axé de Daniela. Parece que foi rodado em Nova Iorque – as torres do World Trade Center aparecem repetidamente. Daniela está dando piruetas (no Central Park?) como uma fada.
5) "Feijão de corda", uma bela canção enquanto Daniela dispara com sua dança de fada livre, com alguns movimentos muito bons de dança moderna. Este é certamente um vídeo para seu álbum pioneiro de 1997, "Feijão com Arroz", que já foi chamado de "obra-prima".

6) Um dueto com Roberto Carlos de 1994. Note como Daniela está aberta embora timidamente terna e com uma feminilidade infantil neste período. Ela sempre demonstra uma grande atenção e profundo respeito com outros artistas.

7) Um vídeo inicial com Gilberto Gil, um gênio da música baiana. Gil tinha sido preso, junto com o músico Caetano Veloso, pelo regime militar, mas se tornou mais tarde vereador em Salvador. No início de sua carreira nos anos 1980, Daniela foi vocalista para Gil. Note como ela ainda tem uma feminilidade infantil, apesar da calça preta e botas de salto alto sob o vestido vermelho de babados sugerirem um domínio crescente em persona. Eu suponho que esta música, com sua dança alegre na areia, seja sobre o estilo de vida relaxado e imaterialista baiano.

8) "Embala" com o Cirque du Soleil em um grande show ao ar livre. Daniela está dançando tão livremente quanto o Ariel de Shakespeare. Que crescendo de ritmos brasileiros fantásticos e complexos! Os performers de kickboxe estão de fato fazendo capoeira, uma versão das artes marciais trazida pelos escravos africanos para a Bahia e ainda praticada nas ruas de Salvador. Aqui Daniela está usando suas habilidades de balé mais graciosas. O final, quando ela atravessa o grupo para se libertar na arena livre, é absolutamente revigorante. Há cortes de câmera excessivos nos seus melhores movimentos: se a Hollywood clássica estivesse filmando a performance de Daniela naquela noite, teria se aproximado do trabalho mais inesquecível de Rita Hayworth e Cyd Charisse.

9) "Aeromoça" do álbum "Clássica" de Daniela, gravado em uma casa noturna, como aquelas nas quais ela começou sua carreira de cantora nos anos 80. Esta canção bela e melancólica (próxima do fado português) foi escrita por Daniela e seu filho, Gabriel Póvoas, que recentemente lançou um álbum de bossa nova. (Infelizmente, o som e a imagem deste vídeo divergem a partir de 1:30 provocando muita raiva.) A música usa a metáfora de uma aeromoça para dizer que o cantor deve "voar" e não pode ficar preso em um relacionamento romântico. Eu adoro o melisma quase oriental do final. Daniela aparece radiante em um top brilhante verde-oliva, parecido com uma roupa de mergulho. Ela está um pouco tímida, contendo sua energia e visivelmente lutando para não dançar! Mas ainda assim ela faz alguns movimentos maravilhosos, incluindo a imagem final de flamenco.

10) "Os Colombos". Daniela está pesarosa e casual em um estúdio, simplesmente com um violonista e um pianista. Outra canção melancólica e taciturna. Daniela também faz algumas improvisações fabulosas e ultra-sensuais com seus braços em torno de 2:32, junto com um misterioso vocal ao estilo de Yma Sumac. No final, ela surge como uma sonâmbula do espaço artístico e muda para seu eu real com um sorriso deslumbrante e amigável.

11) "Olha o Gandhi aí", outro dos carros-chefe de Daniela, interpretada por ela no Coliseu em Lisboa. Contudo, o verdadeiro nocaute é a gravação original, que este vídeo de um ensaio da Companhia Axé captura perfeitamente. Escute o incrível ritmo e a guitarra elétrica crua e psicodélica! Minha cabeça quase explodiu quando eu ouvi isso pela primeira vez. Eu admiro profundamente o modo como Daniela deixa sua voz cair no refrão a três quartos do início. Ela tem a misteriosa habilidade de criar intimidade repentina no meio da potência, quando ela cai para sua voz de peito, grave e rouca. Como diabos ela faz isso no meio daquele estrondo dionisíaco dos tambores e guitarras vigorosos? (Donna Summer cantava alto e permanecia alto quando surfava no tsunami de Giorgio Moroder). Esta música é uma saudação à uma associação (afoxé) de homens em Salvador, os Filhos de Gandhy, que se vestem com turbantes e túnicas brancas para celebrar os valores de paz de Mahatma Gandhi. A música diz que a procissão deles pela rua é um "tapete branco" ao qual todos correm para ver.

12) "O mais belo dos belos", uma incrível peça teatral da maratona de Daniela para o especial da MTV Eletrodoméstico de 2003, que eu acho que todo jovem performer aspirante deveria comprar e estudar. De um canavial, surge uma série de dançarinas africanas adornadas e radiantes, simbolizando o nascimento da música brasileira nos séculos atrozes de escravidão. Com passos largos e ondulantes, como um gato, Daniela surge de preto com um adereço de cabeça ritual com ornamentos de prata caindo sobre seus olhos, a roupa de uma sacerdotisa do candomblé. Esta feiticeira confiante com seu magnetismo animal está a um mundo de distância da jovem cantora tímida do início dos anos 90.

13) Daniela interpretando a obrigatória canção-título de "Eletrodoméstico" em um festival de jazz em Montreal, em 2004. A câmera nem sempre pega os belos, agitados, movimentos de dança moderna, com o braço totalmente estendido (como itálico), que é a marca desta música e que pode ser melhor vista no DVD Eletrodoméstico, no qual a canção inicia o show. Este vídeo é uma demonstração marcante do poder da arte: um grupo viajante de músicos brasileiros recriando o fogo cultural de sua nação em um espaço de pouca luz, com uma atmosfera invernal, como uma caverna, no Canadá. Note o uso dos tons graves e roucos de Daniela e sua linguagem corporal militante, quase masculina, quando ela surge com a persona de rapper de rua da canção. Como é charmoso, como sempre, quando ela retoma seu eu verdadeiro cordial no final. E, não menos importante, ela está usando uma das suas roupas pretas de couro recortado mais sensacionais.

14) "Umbigo do Mundo" interpretada por Daniela com o famoso grupo de percussão baiano, Olodum, da produção da MTV de Eletrodoméstico. Percussão inebriante. E Daniela faz o rap brilhantemente. Eu posso não entender português, mas ainda assim é fascinante – poesia pura! (Ouvir Daniela neste verão me inspirou a comprar CDs de aprendizagem de idioma em Português do Brasil e livros de gramática).

15) "No balanço do mar". Um ritmo brasileiro belo e alegre, enquanto Daniela pastoreia um rebanho de garotas sexy com saias feitas de bacias de alumínio, as quais elas batucam entusiasticamente com baquetas de percussão. As divertidas roupas (como saídas da Paris da vanguarda dadaísta) são uma fantasia criada por Daniela, inspirada nos tambores de rua de metal.

16) "Ilê de Luz", no show de 2005 no Farol da Barra, o histórico farol de Salvador. Isto não é entretenimento popular: é música artística, tão séria quanto qualquer uma de Schubert. Daniela está cantando quase à capela, apenas com o acompanhamento de um pandeiro. Ela está muito emocionada e a platéia permanece estranhamente silenciosa e perplexa. Ela está quase salmodiando, como uma sacerdotisa ou um grego antigo ou um poeta beat. Sua inteligência ardente e compromisso moral são completamente visíveis quando ela usa firmemente o estilo tradicional africano de "pergunta e resposta" com a multidão de jovens. Ela está cantando sobre racismo e o triunfo do amor contra o preconceito; ela coloca ênfase especial nos versos sobre a beleza da pele negra. Sua mão erguida no final (na palavra luz) aponta para o sol na esperança da iluminação e redenção social.

17) Para ter um gostinho da vida de rua de Salvador, veja isso. Aqui estão dois homens belos e semi-nus fazendo uma impressionante demonstração atlética de dança axé em um parque da Bahia. Observe a postura caracteristicamente ampla das pernas e pés, uma imagem africana que eu só tinha visto antes na dança limbo. Quando uma mulher (como Daniela) faz isso no palco, a dança dá grande força de afirmação ao torso e quadris.

18) Aqui estão duas jovens mulheres vivazes competindo em um concurso de axé na praia de Salvador. Que espantosa fluidez pélvica! Veja o nascimento do samba e todo o balançar das cadeiras do rhythm and blues americano nos últimos 60 anos!
19) Que tal isso para entretenimento extra? É um coro percussivo estimulante nas ruas de Salvador – mãe África falando quase cinco séculos atrás. Observe uma peculiaridade da Bahia tropical que me pegou de surpresa quando eu estava lá: o sol está brilhando no começo deste vídeo curto e então ele se põe repentinamente. Puf! Não há crepúsculo. Os carros à distância ligam os faróis e é isso.

20) Uma fofoquinha de bom gosto: a jovem cantora estrela Nelly Furtado, rapidamente eliminando a idéia de que tenha querido imitar Madonna. Não, ela diz, é Gloria Estefan e, mais ainda, Daniela Mercury que são seus modelos como estrelas internacionais.
21) O carnaval de Salvador de 2007: um vídeo clip de Daniela (em um vestido remotamente espanhol com um véu branco) cantando e gritando do alto do seu trio elétrico. Longas tomadas da avenida mostram seu trio do Crocodilo cercado pela massa.

22) Este clip do mesmo carnaval de Salvador de 2007, feito com um celular de um fã em uma varanda, realmente oferece um excitante sentimento de que parece que você está lá (o pôster francês do YouTube diz: "Voici la sublime Daniela Mercury" [Eis a sublime Daniela Mercury]. O trio do Crocodilo de Daniela pode ser visto se aproximando grandemente e passando (com outro caminhão atrás) enquanto a ouvimos cantar um de seus muitos sucessos, "Maimbê Dandá" ("Zum, zum, zum"). O delírio nas ruas é bem capturado do alto. A arquitetura do altivo trio elétrico (que aqui parece um barco a vapor aceso do Mississipi) é claramente visível de lado, com os dançarinos na plataforma mais alta e os músicos no nível mais baixo. No final, membros do Filhos de Gandhy podem ser vistos com seus turbantes brancos no meio da multidão.

23) OK, agora de volta à questão de Madonna. Por favor, compare a foto horrível, fria de uma múmia deslocada na frente do último CD de Madonna com esta deliciosa foto recente de Daniela Mercury em um programa de TV. Entende o que eu digo? Esta mulher vital está em contato com a natureza brasileira em todo o seu esplendor. Quando meu colega Jack DeWitt viu a foto, ele disse que Daniela se parece com "uma ninfa ou uma bacante, com algo de selvagem em seu olho". Direto no alvo!

24) Aqui está um programa de alguns meses atrás quando Daniela foi entrevistada longamente por Marilia Gabriela, uma grande dama super-paga de São Paulo na região sudeste do Brasil (a Bahia está no distante nordeste). Outra vez, observe a sensualidade calorosa, bem-humorada e relaxada de Daniela comparado com a Madonna laminada e posada de "Hard Candy". Aos 6:55, pouco antes de ela mostrar alguns DVDs, Marilia pergunta sobre a vida amorosa de Daniela, como anunciado na imprensa. Daniela confirma afavelmente que atualmente tem um relacionamento com um jovem e belo empresário brasileiro e sim, ela também teve um caso no ano passado com uma mulher em Nova Iorque, mas que não, ela não era arquiteta!

25) Continuando o ultimo tema picante, Daniela travessamente causou um rebuliço na imprensa no verão passado quando beijou outra cantora brasileira, Alinne Rosa, durante a gravação de um DVD. (Na reportagem, clique na linha amarela "Veja a foto ampliada" para ter uma visão aumentada das duas mulheres beijando-se contra um fundo preto). Todos sabiam imediatamente que era uma alusão ao beijo de Madonna e Britney Spears no palco (um momento fatal que evidentemente fez a carreira de Spears entrar em parafuso). Naturalmente, as lésbicas da América do Sul ficaram radiantes, como neste website, que tem mais fotos da travessura com Alinne Rosa, mas, infelizmente, não tem a foto de Daniela colocando atrevidamente a mão no decote de Rosa. (Oh, quanta diversão!)

28) Finalmente, aqui está outra entrevista reveladora, mostrando a animação, abertura e graciosidade despretensiosa de Daniela, em oposição às afetações, suspeitas e defesas ferinas de Madonna. Caso encerrado!

Esta é a história de uma mulher que se apaixonou por uma cidade. O amor supremo de Daniela é Salvador da Bahia. Nenhum homem ou mulher pode competir pelo coração dela contra a incrível variedade da cidade e de seu povo. Com seus montes altos e praias brancas e sua carga pesada histórica, Salvador é uma interseção mágica de natureza e cultura. Muitos grandes artistas foram criados pela Bahia. Mas Daniela Mercury, através do seu extasiante casamento com a alma da cidade se tornou sua deusa.

Artigo original, em inglês:
http://www.salon.com/opinion/paglia/2008/08/13/mercury/index1.html

Camille Paglia é a mais importante intelectual americana na área de cultura e arte. Sua tese "Personas Sexuais" - sobre a arte e o sexo na construção da civilização ocidental, da pré-história ao século XIX - é um marco na crítica e história da arte e tornou-se um best-seller mundial nos anos 90. Culta e de idéias originais e provocadoras, ela se tornou uma personalidade influente não apenas nos Estados Unidos. De personalidade forte, corajosa e ousada, teme-se a sua franqueza na mesma medida em que respeita-se a sua inteligência brilhante. Sua visão afirmativa da mulher e sua repulsa pelo discurso do feminismo americano conservador, que mantém o discurso da mulher como vítima do macho, fazem dela um verdadeiro tufão de renovação do feminismo no mundo. Seus artigos sobre o poder das divas, em especial valorizando os ícones Elizabeth Taylor e Madonna tornaram-se clássicos.


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Madona cantando Calypso!

Para começar a semana rindo um pouco! Essa seria uma das surpresas de Madona para o Brasil, rs.

domingo, 24 de agosto de 2008

Eu estava numa vida de horror
Com a cabeça baixa sem ninguém me dá valor
Andava atrás da minha paz

Agora que mudou a situação
Choveu na minha horta vai sobra na plantação
Deixei pra traz, pois tanto faz

Eu quero mais é beijar na boca
E ser feliz daqui pra frente... Pra sempre

Já me livrei daquela vida tão vulgar
Me vacinei de tudo que podia me pegar
Corri atrás
Quem tenta faz

Eu ando muito a fim de experimentar
Meter o pé na jaca sem ter que me preocupar
Eu quero mais mais mais mais...

Eu quero mais é beijar na boca
e ser feliz daqui pra frente...pra sempre

Eu estava numa vida de horror
A cabeça doida sem ninguém me dá valor

Eu quero mais é beijar na boca
E ser feliz daqui pra frente... Pra sempre

Comunicação falha

Nesta quarta-feira (20), um grupo de umas 30 pessoas esperavam um ônibus na fila do Terminal de Vila Velha. No mesmo local, existem o embarque para duas linhas, 508 (T. Laranjeiras) e 510 (T. Carapina), com isso, os passageiros tem de ficar atentos.
O ônibus chegou, mas afinal, qual era?? Na parte frontal estava 508 - T. Laranjeiras, na indicação ao lado e na traseira, 510. Uns passageiros entraram na dúvida e quando perguntados para o trocador, nem ele soube direito qual era a linha, e teve que confirmar com o motorista. A linha era 508.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

MADONNA NO PROCON

Folha de S.Paulo 22.08.2008
Música

Procon vê abusos em venda para Madonna

Taxa de "conveniência" por compra aumenta em até R$ 120 valor da entrada

Platéia VIP do Brasil, que custa R$ 600, está entre as mais caras dos shows da cantora; em Paris, ingresso sai por R$ 200


VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL


Mal se confirmaram os dois shows da Madonna no Brasil e uma polêmica já cerca a venda de ingressos. Órgãos de defesa do consumidor e o Ministério Público dizem ver "abuso" e "cobrança indevida" na taxa fixa de 20% pela internet ou por telefone -que os produtores chamam de "conveniência"- e restrição à compra on-line pelos cartões de crédito do Bradesco e da American Express.
Além dessa taxa de "conveniência" (os organizadores não deixam claro em relação a quê), há uma outra taxa de entrega dos ingressos, feita por correio, motoboys ou retirada em lojas credenciadas.
O ingresso mais caro, para "platéia VIP", à beira do palco, de R$ 600 passa para R$ 720, se comprado on-line ou por telefone, sem taxa de entrega.
"Pelo Código de Defesa não se pode restringir o direito do consumidor. Ele tem de ter direito de opção. Isso é prática abusiva. Não se pode cercear o consumidor dessa forma", diz a promotora Adriana Borghi, coordenadora da área do consumidor do Ministério Público.
Para a coordenadora institucional da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) e colunista da Folha Maria Inês Dolci, a organização do evento tem de dar mais opções de compra. "Acho um absurdo esses 20% a mais. A taxa é conveniência deles, não do consumidor. É indevida e abusiva, principalmente por ser feita em cima de valores diferentes", afirma a colunista.
Diretor de fiscalização do Procon, Paulo Arthur Góes diz que a Time 4 Fun, produtora do show, vai ser processada, autuada e multada por suposta prática abusiva.
"Cobrar percentual de taxa de conveniência é abusivo. Não importa se vou de pista ou camarote, a conveniência é a mesma, que é acessar pela internet", diz Góes.

Ingressos caros
Além das reclamações sobre taxas de "conveniência" e de entrega, fãs se queixam dos preços dos ingressos, que estão entre os mais caros da turnê.
Em Cardiff, onde Madonna faz o primeiro show, a área à beira do palco custa 85 libras (cerca de R$ 256), o mesmo preço de Londres. Em Paris, ingresso similar sai por 83,70 (R$ 200). No Brasil, são R$ 600, sem contar a taxa de conveniência on-line, que faz o preço subir para R$ 720.
E é na internet que os ingressos são vendidos mais rapidamente no exterior. Em Montréal e Toronto, esgotaram-se em nove minutos.
Curiosamente, no Brasil os ingressos pela internet começam a ser vendidos 12 horas antes das bilheterias e nove horas antes das televendas, à meia-noite do dia 1º, para o show do Rio, e do dia 3, para São Paulo.
A Time 4 Fun não respondeu aos pedidos de entrevista até o fechamento desta edição. Não explicou, portanto, o motivo da taxa de conveniência para vendas on-line e por telefone nem a restrição a cartões.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008



vamos andar embaixo da lua
De mãos dadas e cara pro vento
Pés descalços pisar em espumas
Que lambem areias num mar em movimento
vamos sentar e só falar besteiras
e dar razão aos nossos pensamentos
vamos cantar e agradecer a vida
eternizar os nossos bons momentos
Deixa eu tocar os seus cabelos negros
Beijar seu rosto belo
Que a nossa alma elevem em esperança
deixa eu ouvir a sua voz macia
a sua voz me alegra o coração
me dê um abraço
meu bem minha vida
Você é tão jovem
E nossa briga e pura perda de tempo
Vamos dormir na lua de um bom tempo
Ainda lembro o que passou
eu você em qualquer lugar
dizendo "onde você for eu vou"
e quando eu perguntei
ouvi você dizer
que eu era tudo o que você sempre quis
mesmo triste eu estava feliz
e acabei acreditando em ilusões
eu nem pensava em ter
que esquecer você
agora vem você dizer
"amor, eu errei com você
e só assim pude entender
que o grande mal que eu fiz
foi a mim mesmo"
vem você dizer
"amor, eu não pude evitar"

e eu te dizendo
[vamos ligar o som
e apagar a luz]
Então me diz
Qualquer historia
De amor e glória
Eu sei, não dá mais pra voar
Não sei olhar sem você
Eu só tenho olhar pra você
Eu só sei olhar pra você

Faz frio agora
A musa e glória partiu negando o seu papel
E eu nem sei olhar sem você
Eu não sei olhar sem você
Eu não sei olhar sem você
Eu só sei olhar pra você


Nunca disse te amo
Nunca disse te estranho... nem importa mais
Eu só sei pensar em você eu só sei pensar... pensar... pensar...
Eu so sei pensar com você
só sei pensar em você
até chegar alguém

sábado, 16 de agosto de 2008

Capixabas "expulsam" turistas

Assim não dá! Um leitor comenta que na noite de quinta-feira (14) foi à uma pousada em Guarapari (ES) para entregar um documento, já era à noite, por volta das 22h. Ao chegar na porta da pousada, dois gringos e hóspedes tentavam retornar ao estabelecimento. O porteiro simplesmente, mesmo com hóspedes, fechou a portaria e sumiu do seu posto. Foi necessário o leitor ligar para a pousada para que viessem atender a porta.... que papelão em capixabas! Esses possivelmente não voltam mais.... pagar para ser barrados?

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

onde ir.....

Faculdade tem apagão diário por boa causa

Devido ao alto custo da energia elétrica e também visando uma consciência ecológica, uma faculdade do Norte do Espírito Santo usa um gerador todo dia das 18h às 21h. O único problema é o rápido pico de energia que acontece todos os dias as 21h, quando volta a utilizar a energia da Escelsa, e a correria dos professores e funcionarios para desligarem equipamentos durante o "apagão" programado.

Exclusivo: Dois em um

Acabou a briga para ver qual sabor levar na hora da compra. Um universitário paulista, que agora veio terminar seu curso de administração em terras capixabas, desenvolveu uma garrafa pet para dois sabores independentes. Em fase de patenteamento e testes, em breve pode tomar as ruas brasileiras e até mesmo o mundo.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

"A Criança que ri na rua,
A música que vem no acaso,
A tela absurda, a estátua nua,
A bondade que não tem prazo

Tudo isso excede este rigor
Que o raciocínio dá a tudo,
E tem qualquer cousa de amor,
Ainda que o amor seja mudo"

Fernando Pessoa

domingo, 10 de agosto de 2008

Cilada, não perca!


O ótimo "Cilada" está de volta a programação do Multishow. Hoje e todo domingo, às 23h15.

No programa, Bruno Mazzeo mostra como programas bem simples, podem transformar as suas poucas horinhas de folga em um verdadeiro pesadelo!! Confira, vale a pena para o final do domingão!

Para quem não tem Multishow, a primeira temporada já está disponível em DVD.

sábado, 9 de agosto de 2008

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Carta da Comunidade Budista Brasileira ao Ministério das Relações Exteriores

Rio de Janeiro, 12 de Maio de 2008. Ao Exmo. Sr. Embaixador Celso Amorim Ministro das Relações Exteriores.
Por Pema Sönam - 03/06/2008

[Com Cópia Protocolar ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República]

CARTA ABERTA DO COLEGIADO BUDDHISTA BRASILEIRO AO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DO BRASIL

Exmo. Sr. Embaixador Celso Amorim,


O Colegiado Buddhista Brasileiro, instituição sem fins lucrativos e representativa das múltiplas manifestações do budismo no Brasil, vem, por meio desta, resumir o resultado do Debate Público sobre a Questão Tibetana, realizado a seu pedido e por intermédio da Vereadora Aspásia Camargo (Partido Verde), no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no último dia 12 de maio de 2008. Nesta ocasião ficou clara e unânime a posição da comunidade budista brasileira a respeito da questão tibetana e transparente o constrangimento desta em relação à posição tímida e conivente do Itamaraty para com a incontestável violação dos Direitos Humanos ocorrida naquela nação, infringida pela ditadura chinesa.


Os membros do Colegiado Buddhista Brasileiro, infra-assinados, expressam nesta Carta Aberta sua decepção para com o atual Governo Brasileiro que, sendo formado por muitos indivíduos que sofreram as infrações de uma ditadura e que foram eleitos sob as bases de sua luta em prol de uma sociedade pluralista e tolerante, e por seu compromisso para com a democracia e o respeito aos direitos humanos, hoje se subordina a interesses comerciais internacionais e fecha os olhos para o triste genocídio étnico e cultural há mais de 50 anos imposto ao Tibet.


Cabe-nos ressaltar que se o Itamaraty, em nota oficial, expressa seu respeito à suposta integridade do território chinês sem manifestar-se diante dos atos ditatoriais daquele país sobre o povo tibetano, faz recair sobre todo o povo brasileiro uma co-responsabilidade para com o sofrimento deste povo, responsabilidade essa que a comunidade budista brasileira não reconhece e quer publicamente renegar. Ao afirmar seu apoio à pretensão chinesa em anexar, de forma arbitrária e violenta, o território tibetano, o governo brasileiro revela seu despreparo em agir como legislador dos conflitos mundiais (como expresso em sua determinação para fazer parte do Conselho de Segurança da ONU), demonstra seu total desconhecimento da extrema riqueza étnica, religiosa e cultural daquela região, torna implícita sua aceitação às políticas de exceção, e põe em dúvida sua relevância no cenário internacional.


O Colegiado Buddhista Brasileiro, em nome da comunidade budista, manifesta claramente aqui seu repúdio à posição omissa do governo brasileiro, que neste ponto não a representa perante a comunidade mundial. Lamentamos observar que a atitude de nosso atual Governo destrói sua legitimidade na luta histórica de um posicionamento contra as ditaduras.


Em comunhão com o senso de oportunidade de milhões de manifestantes em todo o mundo, aproveitamos a ocasião das Olimpíadas de Pequim para colocar o foco sobre a China: suas grandezas e seus desafios ao integrar a comunidade internacional. Em primeiro lugar, cabe-nos relembrar alguns fatos históricos ampla e internacionalmente reconhecidos e exaustivamente documentados por inúmeras fontes idôneas e independentes, para que não prevaleça a versão doutrinária da propaganda chinesa, mais uma vez difundida pela embaixada chinesa no Brasil, nas palavras do Cônsul Geral da China, Sr. Li Baojun, que compareceu ao "Debate Público sobre a Questão Tibetana" à convite do Colegiado Buddhista Brasileiro e realizou uma vergonhosa manifestação da idéia fascista de que uma mentira, muitas vezes repetida, pode tornar-se uma verdade. Estamos certos de que o Itamaraty tem conhecimento dos fatos e não se deixa ludibriar pela versão da propaganda de uma ditadura que cerceia as liberdades fundamentais, nomeadamente o direito à informação e ao livre pensamento – é uma versão baseada em informações dúbias e que distorcem fatos históricos, que buscam desmerecer os dados sobre as perdas étnicas, religiosas e ecológicas sofridas segundo os relatórios publicamente divulgados pelo Escritório Oficial da Administração Central Tibetana em Dharamsala, Índia.


Que fique claro que o Colegiado Buddhista Brasileiro tem enorme respeito pelo povo chinês, por suas inúmeras contribuições à história mundial, pela posição que representa no mundo moderno, por sua sabedoria milenar. O que se repudia veementemente aqui é a política de um governo não-eleito, que mantém na ignorância o seu próprio povo, a quem também consideramos vítima – assim como consideramos vítima deste regime o Sr. Cônsul Geral da China, Li Baojun que, não sendo um homem livre, mas submetido a um regime opressor, não tem opção senão se mancomunar com as ordens de seu Governo.


Definitivamente, não estaria de acordo com a ética budista e humanista que pregamos imaginar que a injustiça e a insensibilidade são dos chineses, pois também eles compartilham sofrimentos e frustrações (neste momento, também o povo chinês está vivendo a dor das perdas de vidas devido ao terremoto ocorrido no dia 12 de Maio, com a qual nos solidarizamos); tal erro não pode ser imputado a toda uma nação ou àqueles que compõem um grupo social, uma instituição religiosa ou política, ou simplesmente um gênero sexual ou cor de pele. Um equívoco terrível ocorre quando imaginamos que todo um povo, toda uma classe, todo um grupo humano, é responsável pelas insanidades de seus governantes ou controladores. De fato, a problemática está na incapacidade daqueles que são presas da motivação fanática, da visão egoísta e diferenciadora no mundo, em superar sua pobreza de percepção. Alinhado com a posição de Sua Santidade o Dalai Lama, o Colegiado Buddhista Brasileiro não vem aqui manifestar exigências à independência do Tibet, mas exigir ao seu próprio governo, o governo brasileiro, que, em suas relações internacionais, defenda a preservação dos Direitos Humanos, cujos instrumentos jurídicos é signatário. Que faça valer esta sua assinatura, que tenha coragem e manifeste pública e internacionalmente seu repúdio às versões inverídicas propagadas pelo governo chinês a respeito da sua ocupação alegadamente pacífica do Tibet, às perseguições políticas e religiosas, torturas, exílios, seqüestros, execuções e destruições do patrimônio cultural e ambiental do Tibet, parte integrante da nossa história mundial.


Queremos ainda, neste documento, ressaltar que a ética budista que defendemos busca os meios hábeis para superar em nós mesmos esta ignorância destruidora, esta convicção espúria baseada em erros crassos de interpretação e entendimento, e que muitas vezes vemos com mais facilidade apenas nos outros; devemos praticar todos os dias a coragem de não desistir da paz, do cuidado no diálogo, e da meta maior e definitiva, capaz de curar e transformar a humanidade: o amadurecimento de nossa consciência, de nossa sabedoria, de nosso dom de resistir à falta de compaixão correta.


Porém, a atitude compassiva e coerente com a qual os budistas são comumente identificados não é uma atitude ingênua e condescendente. Quem é capaz de agir com correta compreensão do outro, o faz por força de seu discernimento e não sob a premissa de passiva aceitação. Reafirmamos, portanto, o nosso compromisso em agir com cuidado e empenho a favor da prática de compreensão e diálogo no mundo. Estamos convictos de que mesmo através de torturas, terror e assassínios, apesar do empenho implacável em difundir delusórias interpretações dos fatos, os homens e mulheres alienados em profundo egoísmo, os poderes controladores e intolerantes, os governos insalubres, as facções terroristas e os movimentos fanáticos jamais prevalecem. Ao final, seus nomes serão apagados na memória da Vida, seus atos cruéis e injustificados serão expostos ao tempo e à história com terrível clareza, e as entranhas insalubres de suas convicções jogadas à margem da grandeza humana. Paralelamente a este documento, informamos o Ministério das Relações Exteriores do Brasil que o Colegiado Buddhista Brasileiro apóia publicamente as seguintes propostas de ações positivas apresentadas no Debate Público sobre a Questão do Tibet, assim como todas as ações que tenham por objetivo preservar o Tibet, sua inestimável riqueza cultural e ambiental, e os direitos de seus habitantes:


- Criação de um Centro de Preservação da Cultura Tibetana no Rio de Janeiro(...);


- Indicação do nome de Sua Santidade o Dalai Lama como Cidadão Honorário da cidade do Rio de Janeiro, à exemplo da cidade de Paris, França, (...);


- Nominação de espaços públicos brasileiros, a começar pela cidade do Rio de Janeiro, em homenagem ao Tibet;


- Proposição de que o Itamaraty postule perante os fóruns internacionais, notadamente o Tribunal Internacional de Justiça, em Haya, Holanda, a reavaliação da questão tibetana nos seus âmbitos político, social e cultural, e o julgamento das infrações cometidas contra os Direitos Humanos no Tibet.


Concluindo, o Colegiado Buddhista Brasileiro, considerando não haver nem de longe um grave precedente dessa natureza, a de um Líder Religioso e parte significativa de seus compatriotas terem passado mais de 50 anos em exílio, entende que é chegado o momento de Sua Santidade o XIV Dalai Lama e o seu povo retornarem livres à sua própria terra, levando consigo a paz e o bem, assim como, efetivamente, a solidariedade da comunidade internacional, valores tão caros à Humanidade e inafastáveis, ainda por mais tempo, in casu. Por fim, mas não menos importante, que se considere a viabilidade de tornar o Tibet Patrimônio Histórico da Humanidade, com o devido amparo da UNESCO e da festejada Organização das Nações Unidas.


Assina o Sr. Presidente do Colegiado Buddhista Brasileiro,
Prof. Shaku Hondaku (Maurício Ghigonetto)

Assinam os membros da Diretoria Fundadora do Colegiado Buddhista Brasileiro,

Rev. Shaku Haku-Shin (Wagner Bronzeri)
Monge Meihô Genshô (Petrúcio Chalegre)
Dhammacariya Dhanapala (Ricardo Sasaki)
Prof. Tam Huyen Van (Claudio Miklos)

Assinam os membros-colaboradores do Colegiado Buddhista Brasileiro,
Monja Isshin
Monge Shaku Shoshin
Dra. Cerys Tramontini
Prof. Flávio Marcondes Velloso

Sarve Bhavantu Mangalam - Que Todos os Seres Sejam Felizes

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Madonna virá?


Muito mistério cerca a vinda da diva ao Brasil. Depois de escutar via Transamérica que uma cantora brasileira foi contratada para abrir os shows de Madonna, inclusive a pedido de Madonna, entrei em contato com as produtoras, a que estaria por trás da vinda de Madonna no Brasil e a produtora desta cantora. Todas as duas assessorias negaram qualquer informação e disseram que nada ainda procede. O lance é aguardar....

Semana Madonna Multishow
Enquanto isso, os fãs brasileiros terão uma overdose da cantora de 11 a 15 de agosto. São clipes legendados, uma entrevista, dois documentários, uma maratona no sábado e os programas Circo do Edgard, Urbano e TVZ dedicados à rainha do pop.

Michael Parkinson ENTREVISTA a musa. (2005)
Segunda, 11/08, às 22h45.

Circo do Edgard
Terça, 12/08, às 22h15

Urbano
Qui - 21h15

Mais informações em http://adm.globolog.globo.com/globolog/publicacao/permalink.do?postId=639413

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Seminário???

Dois leitores do "Queijo na Moqueca" comentaram sobre o Seminário Tribuna de Comunicação, realizado no último dia 04.
Eles relatam que o cofee break foi praticamente fantasma, antes de chegar ao local, os salgados sumiam. Não atendiam a demanda, diz que foi um horror, nem café os congressistas conseguiam tomar. Para conseguir um copo de suco, era o maior empurra-empurra.
Além da falta de estrutura no café, os leitores também reclamara das próprias palestras, que não acrescentaram muito, com temas inúteis, como uma que falava de poema Haikai e auto-ajuda. "A melhorzinha foi sobre mídia digital com um jornalista do Estadão, e também a primeira sobre pesquisa, mas o palestrante era muito repetitivo, mas conseguiu trazer alguns dados novos".
Para completar ele pergunta: "Onde já se viu um congresso, seminário, que não emite certificados aos participantes???" Um dos leitores gostaria de ter utilizado o evento como aprendizado acadêmico, apresentando documentação que comprovasse sua participação no seminário para sua faculdade, que exige que os alunos participem de um número x de eventos. Mas como diz ele "nem para isso prestou, perdi meu tempo". Um outro, que se identificou como publicitário, também reclamou. "Vou prestar um concurso agora, um certificado vale muito, conta ponto, mas desse seminário não poderei utilizar."

Ônibus pára capital

Um simples defeito em um ônibus, que pifou na terceira ponte, parou por mais de duas horas a Grande Vitória, na manhã de segunda-feira (04). O engarrafamento foi monstruoso e várias pessoas não conseguiram chegar aos seus locais de origem. Conclusão, lojas fechadas, serviços não prestados. A capital literalmente parou. Isso tudo por falta de uma administração competente. Há anos as ligações Vitória - Vila Velha já estão sobrecarregadas, e não atendem mais a demanda, porém, não existe político no Espírito Santo com competência de fazer uma nova ligação ou ampliar as já existentes.
Já estamos na metade do segundo mandato do "Deus" Paulo Hartung e ele e sua equipe, nada... Chega de discussão, agora queremos ação!
Sem contar que o valor pago à Rodosol, não corresponde ao serviço prestado. Pagar 1,60 para ter esse aborrecimento diário! Vamos pro Procon e pra Justiça!!!!

É incrível, mas nunca peguei nenhum engarrafamento/retenção no Rio ou São Paulo, como as retenções diárias que enfrento em Vitória/Vila Velha. Em São Paulo os motoristas tem várias opções, aqui, as vias são praticamente únicas.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

pode me prender, eu me rendo!



Sou culpado
De te roubar a alma
De querer toma-la pra mim

Sou culpado
de perder a calma
E não deixar ir embora sem se despir

Sou culpado
De te querer sem fim
Sim, sim

Pode me prender
Pode me enlouquecer
Pode me culpar por tudo
Eu me entrego

Só não culpe
Pelo amor que sinto/sentes
Isso foi realmente
Sem querer

Seu corpo é a moldura do meu país
de linhas curvas...
onde me perdi
entre montanhas e manhãs
quando amanheceste
tormenta e fome
no horizonte tênue dos teus quadris

tua boca é a bahia por onde navego
na direção do infinito
íntimo do instinto que me fez
...se pudesse esculpir faria como nasceu
um desenho de Deus, que fez dos oceanos os seus olhos
onde as sombrancelhas quebram o mar
o amar aberto do olhar
fazendo sombras, fazendo ondas
quando inventas de chorar

só não me culpe
pelo amor que sinto/sentes
isso foi realmente
sem querer

Pode me prender
Pode me enlouquecer
Pode me culpar por tudo
Eu me entrego

*adaptações da música "Sem querer" e do poema "Homem", autorias de Daniela Mercury.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Diploma é garantia social
O Supremo Tribunal Federal está prestes a discutir a necessidade de diploma para o exercício da profissão de jornalista. O senhor acha essa titulação necessária?

Depois de uma longa tramitação, o processo - (RE) 511961 - que questiona a exigência da formação específica para o exercício do Jornalismo entrou na pauta do Supremo Tribunal Federal e ainda este ano deve ser finalmente julgado. É, com certeza, o momento mais importante nesta longa guerra de exatos 70 anos em defesa da regulamentação profissional dos jornalistas.

É importante esclarecer: defender que o Jornalismo seja exercido por jornalistas está longe de ser uma questão unicamente corporativa. Trata-se, acima de tudo, de atender à exigência cada vez maior, na sociedade contemporânea, de que os profissionais da comunicação tenham um alto nível de qualificação técnica, teórica e principalmente ética.

Grandes empresas de comunicação não admitem a possibilidade de uma profissão organizada e regulamentada e, por isso, recorreram à Justiça. O ataque à profissão jornalística é mais um ataque às liberdades sociais, cujo objetivo fundamental é desregulamentar as profissões em geral e aumentar as barreiras à construção de um mundo mais pluralista, democrático e justo.

A Constituição, ao garantir a liberdade de informação jornalística e do exercício das profissões, reserva à lei dispor sobre a qualificação profissional. A regulamentação das profissões é bastante salutar em qualquer área do conhecimento humano. É meio legítimo de defesa corporativa, mas sobretudo certificação social de qualidade e segurança ao cidadão. Impor aos profissionais do Jornalismo a satisfação de requisitos mínimos, indispensáveis ao bom desempenho do ofício, longe de ameaçar a liberdade de Imprensa, é um dos meios pelos quais, no estado democrático de direito, se garante à população qualidade na informação prestada – base para a visibilidade pública dos fatos, debates, versões e opiniões contemporâneas.

Desse modo, qualquer tentativa de revogar essa norma, sob a alegação de inconstitucionalidade, mal disfarça o objetivo de banalizar a profissão e permitir ao patronato da comunicação social desmobilizar a categoria dos jornalistas e rebaixar o nível salarial, tudo em prejuízo da qualidade da informação prestada à sociedade.

A existência de uma Imprensa livre, comprometida com os valores éticos e os princípios fundamentais da cidadania, portanto cumpridora da função social do Jornalismo de atender ao interesse público, depende também de uma prática profissional qualificada. A melhor forma, a mais democrática, de se preparar jornalistas capazes a desenvolver tal prática é através de um curso superior de graduação em Jornalismo.

Não apenas a categoria dos jornalistas, mas toda a Nação perderá se o poder de decidir quem pode ou não exercer a profissão no país ficar nas mãos de interesses privados e motivações particulares. Os brasileiros e, neste momento específico, os ministros do STF, não podem permitir que se volte a um período obscuro em que existiam donos absolutos e algozes das consciências dos jornalistas e, por conseqüência, de todos os cidadãos!
Sérgio Murillo de Andrade . Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas - Fenaj. e-mail: sergio@fenaj.org.br
Publicado em 02 de agosto em A Gazeta/ES.

sábado, 2 de agosto de 2008

Alô, Procon! / Tem alguém aí?

Segue duas notinhas publicadas hoje, em A Gazeta. Dando nome aos bois... o leitor foi eu, rs. A padaria: Celeiro do Pão (ex-Guaranhus). Vamos exigir nossos direitos! Brasileiro tem que parar de reclamar pelos cotovelos e ir aos órgãos competentes.

Alô, Procon!


No dia 27, um leitor foi a uma padaria, em Vitória, para comprar um refrigerante de 2 litros. Mas recusaram a compra pelo cartão magnético (no cartão de débito e no de crédito), pois o valor não atingia um mínimo que eles aceitavam para a venda do produto. Ele achou a prática abusiva, mas ficou na dúvida.

Tem alguém aí?

Ele resolveu ligar para o Procon Estadual. Por três dias, tentou e nada. O telefone só dava ocupado. Encaminhou e-mail, e ficou sem retorno. O leitor, então, acessou o site do Procon ... de São Paulo, e a resposta foi imediata. Que chato! E prática da padaria foi abusiva mesmo.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

tem candidatos pedindo esmola....

Surpreendente o número de candidatos capixabas (20) que declararam não possuir nenhum bem. Neste caso, antes de pedir votos, vão precisar pedir um dinheirinho por aí.
Tem até prefeita no interior do estado que não tem bem nenhum. Ou seja, ela é uma péssima administradora, já que não conseguiu adquirir bem nenhum mesmo depois de passar 4 anos como prefeita.
Um ex-prefeito de Vila Velha também, coitado, não tem nem casa própria, mora de aluguel. Ainda bem que não teve coragem nem de se candidatar, de tão sujo que já está... Deve ter gasto o dinheiro que "ganhou" em advogados e comprando outros políticos para ficarem quietos... Assim justifica não ter nenhum imóvel.
Fiquem esperto!